Kim Il Sung: gênio militar

Há 108 anos nascia uma das maiores lideranças militares e estrategistas da História: Kim Il Sung 

Quando se fala em grandes derrotas militares, muitas pessoas imediatamente pensam no Vietnã e a derrota sofrida pelos Estados Unidos nesse país. Mas o que muitas pessoas não conhecem é que antes mesmo do Vietnã, os EUA perderam outra guerra que custou muito caro para eles: a guerra na Coreia.

Mas até antes de vencer os Estados Unidos, o povo coreano também tinha vencido poucos anos antes outro grande império, o Japão. E essas duas vitórias em um espaço de tempo de apenas 8 anos tem como comandante um homem pouco lembrado pela opinião pública – Kim Il Sung, o líder revolucionário coreano que fundou a República Popular Democrática da Coreia.

Nascido em uma família patriótica no coração da Coreia, em Pyongyang, há exatamente 108 anos atrás, Kim Il Sung tinha entre seus antepassados líderes populares locais que haviam protagonizado momentos históricos na luta pela autodeterminação nacional.

Seu bisavô, Kim Ung U, em 1866 liderou uma revolta popular em Pyongyang que organizou um ataque civil a um navio americano, o General Sherman, que havia adentrado as águas coreanas munido de armas em busca de riquezas para saquear.

IKE140529001_12
Kim Ung U, bisavô do Presidente Kim Il Sung, lidera o ataque popular contra o navio americano que tentou invadir a Coreia

Já o seu pai, Kim Hyong Jik, foi também uma liderança popular conhecida por promover agitações contra a ocupação japonesa da Coreia, iniciada em 1910. Kim Hyong Jik inclusive foi diversas vezes preso pelas autoridades japonesas e morreu pelas consequências das torturas que sofreu na prisão.

金亨稷_1
Kim Hyong Jik: militante político coreano anti-imperialista e pai de Kim Il Sung

Kim Il Sung nasceu na Coreia ocupada em 15 de abril de 1912. Na época, fazia 2 anos que os japoneses haviam desembarcado suas tropas de ocupação colonial no país e haviam iniciado um governo de terror que reprimia todas as noções da nacionalidade coreana, promovendo a proibição da língua coreana e a substituição de nomes nacionais por nomes japoneses, além de extrair do país incontáveis recursos naturais e humanos para alimentar a crescente indústria japonesa.

Kim Il Sung, cheio do espírito revolucionário de seus antepassados e demonstrando um sentimento patriótico diante de uma “falta de pátria” – uma vez que a Coreia estava humilhada sob o jugo nipônico – saiu de casa na juventude e anos mais tarde fundou as primeiras organizações revolucionárias da Coreia que seriam as responsáveis pela luta anti-imperialista: a União para Derrubar o Imperialismo e o Exército Popular Revolucionário da Coreia.

161015_1
Mesmo muito jovem, Kim Il Sung funda as primeiras organizações revolucionárias da Coreia. Anos depois, seria celebrado como grande estrategista da libertação nacional

Este último, foi um exército de guerrilhas estabelecido por Kim Il Sung no extremo norte da Coreia, nas áreas próximas do Monte Paektu, e tinha como objetivo montar e engrossar filheiras de combatentes que mais tarde expulsariam por completo as tropas japonesas do país.

Durante os anos de existência da Guerra Anti-Japonesa, Kim Il Sung foi o responsável por diversas ações militares que pegaram de surpresa os japoneses e impuseram duras e vergonhosas derrotas aos ocupantes, que tinham sua imagem cada vez mais desmoralizada diante dos guerrilheiros revolucionários. Das várias ações militares tomadas contra o imperialismo japonês, destaca-se com toda certeza a lendária Batalha de Pochombo, quando, em 1937, o Exército Popular Revolucionário liderado pelo General Kim Il Sung atacou as posições japonesas no norte da Coreia e causou grandes perdas materiais e humanas aos ocupantes estrangeiros, criando uma confusão generalizada entre os japoneses que acabou elevando o prestígio dos guerrilheiros com a população coreana.

Kim Il Sung foi o responsável pela manutenção, durante quase 20 anos, dessa resistência que se manteve sob duras penas em um território inóspito e com recursos muito limitados.

289d58239e-2222
Kim Il Sung: líder das guerrilhas
11887946_939649696106983_9135976674892750458_n
Kim Il Sung uniu as forças patrióticas e as organizou militarmente para expulsar os japoneses da Coreia

Mesmo assim, em agosto de 1945, no âmbito do avanço das tropas do Exército Vermelho da União Soviética pela Ásia, Kim Il Sung movimentou o Exército Popular na direção de descida da Península Coreana e finalmente libertou o país da ocupação japonesa. Ao entrar em Pyongyang, em 15 de agosto de 1945, realizou um comício público que reuniu milhares de pessoas que por dias festejaram nas ruas a libertação da pátria.

Ao mesmo tempo, os Estados Unidos da América ocuparam a parte sul da Coreia para reter o avanço das tropas de Kim Il Sung e impedir a completa libertação da Coreia e a formação de uma nação independente. Como resultado, o país foi dividido em dois pelos americanos e em 1948 ocorreu a fundação de um Estado fantoche, o qual é a moderna Coreia do Sul, que durante os dois próximos anos promoveu uma série de hostilidades contra a porção norte. Sob o comando de Syngman Ree, a Coreia do Sul, apoiada pelos EUA, incitou a Guerra da Coreia contra a República Popular Democrática da Coreia, estado do norte da Coreia fundado pelo Presidente Kim Il Sung.

Diante da iminente invasão e das ações hostis que violavam a fronteira entre as partes da Coreia, o General Kim Il Sung, usando a experiência adquirida nos anos de guerrilha e representando o ideal genuinamente coreano de auto-determinação, comandou o povo coreano na chamada Guerra de Libertação da Pátria.

A Guerra de Libertação da Pátria é o que conhecemos aqui no Ocidente como Guerra da Coreia. Ela tem esse nome lá na Coreia porque o povo coreano, reunido sob a República Popular e Democrática, representava o real Estado da Coreia – fundado por coreanos e para os coreanos – ao passo que a Coreia do Sul (República da Coreia) era um Estado fantoche criado pela administração militar dos Estados Unidos sob a Coreia. Esse Estado fantoche representava os ideais dos ocupantes americanos, não dos coreanos, e incitou uma guerra para levar a ocupação americana a toda a Península. Por isso, Kim Il Sung e os coreanos consideravam que era necessário libertar o país mais uma vez, só que dessa vez contra os americanos.

Durante esse conflito, que durou 3 anos, o povo coreano sofreu cruéis e desumanos ataques por parte dos EUA: foram jogadas sobre a Coreia mais bombas do que em toda a totalidade da Segunda Guerra Mundial. A Coreia foi completamente arrasada por bombas de fósforo branco, armas biológicas e ataques sistematizados que agrediam não só posições militares como também alvos civis.

Nesse cenário de caos, o General Kim Il Sung não recuou e, ao contrário, liderou o povo coreano na defesa da pátria, promovendo movimentações militares que assustaram os inimigos. Ele preparou todo o país para se mobilizar: fábricas inteiras foram construídas sob a terra ou dentro de montanhas para munir o Exército Popular com armamentos para combater os imperialistas e a população toda ajudava o Exército a expulsar os invasores.

kim-il-sung
O General Kim Il Sung ao fim da Guerra de Libertação da Pátria

Kim Il Sung também realizou movimentações militares geniais que libertaram cidades como Seul em apenas alguns dias e encurralaram os americanos em semanas, como o famoso Cerco ao Bolsão de Busan. Quando a situação não era favorável, Kim Il Sung liderou gigantescos recuos estratégicos e reposicionou suas tropas em montanhas e florestas fechadas e impôs aos EUA duras derrotas.

É notável observar que tínhamos de um lado um exército com poucos anos de existência e apenas 2 anos de formalização, contando com equipamentos muitas vezes improvisados, e do outro lado um exército extremamente poderoso e munido de armas nucleares, porta-aviões, aeronaves de última geração e recursos quase infinitos. Era praticamente uma guerra da baioneta contra a bomba atômica.

Mesmo nesse cenário desigual, em 27 de julho de 1953 os Estados Unidos da América protagonizaram um dos episódios mais vexatórios de sua história: admitiram que não conseguiam vencer a RPDC e assinaram o Armistício da Coreia, dando uma pausa no conflito.

김일성_장군과_휴전협정
Kim Il Sung assina o armistício imposto aos EUA
7130cb2176649a52c17bd11395f05b8b
O povo coreano sob a sábia liderança de Kim Il Sung venceu os EUA

Isso foi considerado uma grande vitória para o povo coreano, uma vez que a República Popular foi mantida em seu território e os interesses nacionais foram defendidos com grande vigor pelos revolucionários. Kim Il Sung era o maior comandante de sua época e o gigantesco conhecimento geográfico do país, além do espírito revolucionário sustentado por ele, foram as chaves da vitória, conquistada por todo o povo coreano que se uniu em um só sob a liderança do General de Aço.

Muitos anos antes do Vietnã, foi Kim Il Sung e o povo coreano que inauguraram a era de derrotas militares dos EUA.

Até hoje na Coreia quase todos os lugares têm quadros, estátuas e pôsteres que lembram essa grande vitória. Nos quarteis e institutos militares, os métodos de Kim Il Sung são estudados com grande orgulho por serem estratégias militares originais coreanas que aliam a tradição milenar da Coreia com a Revolução Socialista e Popular.

E mesmo depois da guerra de 1950-1953, Kim Il Sung continuou sendo o grande líder militar da Coreia ao repelir, até os anos 1990, várias outras provocações e hostilidades dos EUA contra a RPDC. Em 1968, por exemplo, um navio espião americano que invadiu águas coreanas, o USS Pueblo, foi capturado pela Marinha Popular.

O General Kim Il Sung, nascido há 108 anos num dia como esse, é um nome a ser escrito em letras douradas na história mundial da luta dos povos livres.

ilsung1

____________
Lucas Rubio
Presidente do CEPS-BR

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s