No dia 31 de março de 2018, Kim Jong Un, líder da República Popular Democrática da Coreia, recebeu Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) e sua comitiva.
Kim Jong Un e Thomas Bach conversaram sobre diversos assuntos. Thomas Bach disse que ele e seus companheiros haviam ido a Pyongyang para expressar o mais alto agradecimento pelos esforços do líder coreano para que os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Inverno de Pyeongchang ocorressem com total sucesso em um clima de paz e com a participação da equipe nacional da Coreia do Norte.
“Seguindo o ideal olímpico, as seleções do Norte e do Sul da Coreia apareceram juntas nos estádios dos Jogos Olímpicos de Inverno e competiram em uma só equipe”, disse Thomas Bach, “demonstrando ao mundo a vontade pela paz e pela reconciliação de ambas as partes, o que deixou esse acordo esportivo muito emocionante”.
Aproveitando a visita, o presidente do COI expressou a vontade da organização de cooperar a longo prazo com a RPDC nos preparativos para as Olimpíadas de Tóquio, em 2020, e para os Jogos de Inverno de Beijing, em 2022, contribuindo o máximo possível para o desenvolvimento esportivo da Coreia e para que ela possa utilizar ativamente o espaço olímpico e outros cenários esportivos internacionais.
O líder Kim Jong Un agradeceu pelo respeito demonstrado por Thomas Bach e disse que está muito agradecido pela atenção especial que o COI prestou aos atletas coreanos e por ter permitido a participação da RPDC nos Jogos de Pyeongchang, cooperando de maneira excepcional acima das regras e costumes.
As Olimpíadas de Inverno de Pyeongchang resultaram em um grande êxito olímpico e escreveram uma nova página de harmonia nas relações entre o Norte e o Sul da Coreia, recordando e continuando as relações intercoreanas que há muito estavam paralisadas e que foram descongeladas em razão desse evento; esse foi um mérito do COI, que ofereceu essa oportunidade e abriu as possibilidades para que se consumasse a participação conjunta de ambos os lados.
Kim Jong Un reinteirou o profundo agradecimento pela cooperação sincera e desejou que se desenvolvam contínua e favoravelmente as relações de cooperação que existem entre o Comitê Olímpico da RPDC e o COI.
Explicando ao presidente do COI a política esportiva da Coreia Socialista e suas perspectivas, Kim Jong Un expressou sua esperança no estreito contato e boa cooperação com o COI para que se desenvolvam, na Coreia, ainda mais várias outras modalidades esportivas, inclusive as de inverno, conforme a tendência mundial.
Kim Jong Un convidou Thomas Bach para que volte muitas vezes mais à RPDC na qualidade de amigo. Depois disso, Kim Jong Un, Thomas Bach e a comitiva do COI assistiram a um jogo de futebol feminino entre a Seleção Nacional da RPDC e a Seleção de Pyongyang. Ao chegarem ao estádio, os líderes foram calorosamente recebidos pelo público.
Thomas Bach e sua comitiva chegaram à Coreia Popular no dia 29 de março. Entre suas primeiras atividades no país, o presidente do COI se encontrou com Kim Il Guk, Ministro dos Esportes e da Cultura Física e presidente do Comitê Olímpico da RPDC, com quem teve conversações de alto nível em um salão do Palácio Mansudae.
O presidente do Comitê Olímpico Internacional, durante sua estadia na RPDC, visitou inúmeros locais de prática esportiva e pôde conhecer como o esporte é incentivado na Coreia Socialista. Ele fez inspeções à ginásios, estádios, centros de treinamento e quadras de esporte, além da Vila Esportiva da Avenida Chongchun.
Thomas Bach também visitou o Estádio Primeiro de Maio, o maior estádio do mundo, com capacidade para mais de 150 mil pessoas, que fica localizado numa ilha no Rio Taedong, na capital Pyongyang.
Essa visita de Thomas Bach e uma equipe especial do COI à Coreia é mais uma grande jogada diplomática de Kim Jong Un, que está fazendo bons amigos no mundo todo. Ele já provou que seu desejo é a paz e o diálogo ao promover a participação da Coreia do Norte nas Olimpíadas do Sul e agora quer consolidar essa política diplomática, uma vez que já está consumada a capacidade da RPDC de se defender, dialogando com importantes lideranças do mundo. Há pouco menos de uma semana, o Marechal estava na China durante sua primeira visita ao exterior e agora se encontrou com Thomas Bach, uma importante personalidade mundial que transita com facilidade por entre os mais diversos líderes e países do mundo justamente por seu papel de promover o esporte como instrumento de paz; o encontro ocorreu justamente para ganhar credibilidade e jogar por terra os mitos de que a Coreia do Norte deseja a guerra e que está “fechada e isolada”.
Thomas Bach visitou vários lugares da RPDC e conversou com vários atletas, inclusive vários deles medalhados nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. Certamente ficou muito impressionado com as gigantescas instalações esportivas da Coreia do Norte e sua facilitada acessibilidade ao público em geral, uma vez que estamos aqui falando de um país socialista que promove a saúde física de seu povo.
O presidente do COI, com certeza, irá transmitir ao mundo o que viu lá na Coreia, ou seja, um país que investe em seus cidadãos, que é aberto e vibrante, além de contar como foi muito bem recebido por Kim Jong Un, não deixando margens para que digam que é o lado coreano que incita a agressão e o conflito.
É a diplomacia coreana, mais uma vez, vencendo.
Galeria de fotos:
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Reportagem da TV coreana sobre o encontro:
Thomas Bach visita vários lugares de prática esportiva e joga tênis de mesa com Kim Song I, medalha de bronze na Rio 2016:
Thomas Bach faz declaração após visita à Coreia Socialista:
(Com informações extraídas de KCNA)
____________________________ Lucas Rubio Presidente do CEPS-BR
O líder da República Popular Democrática da Coreia, Kim Jong Un, realizou entre os dias 25 e 28 de março de 2018 a sua primeira visita ao exterior. O destino foi a República Popular da China, país vizinho que mantém uma longa tradição de amizade e cooperação. A visita extraoficial do líder coreano, que foi acompanhado por sua esposa, Ri Sol Ju, foi um convite do Presidente Xi Jinping, Secretário Geral do Comitê Central do Partido Comunista da China e Presidente da RPC e da Comissão Militar Central.
O Marechal Kim Jong Un partiu de Pyongyang, capital da Coreia, a bordo de um trem especial, no dia 25 de março. Atravessou a fronteira entre China e RPDC e chegou à cidade chinesa de Dandong, onde foi recebido por altos funcionários do PCCh, como Sang Tao, chefe do Departamento de Relações Internacionais do CC do PCCh e Li Jinjun, Embaixador da China na RPDC. Kim Jong Un agradeceu a Song Tao por ter ido até a cidade fronteiriça, tão distante da capital chinesa, para recebê-lo. Song Tao deu calorosas boas vindas ao líder coreano e sua esposa e disse que veio pessoalmente recepcionar o líder em nome de Xi Jinping.
No dia 26 de março, o Marechal Kim Jong Un chegou, também de trem, à estação ferroviária central de Beijing, na cidade capital da China. Em Beijing, também foi recebido por importantes autoridades, como Wang Huning, membro do Comitê Permanente do Bureau Político e membro do Comitê Central do PCCh, além de outras personalidades, como Ding Xuexiang. Da estação de trem, Kim Jong Un e Ri Sol Ju, a primeira-dama da RPDC, tomaram um carro e seguiram em uma grande comitiva até a Casa de Hóspedes de Diaoyutai, escoltada por 21 motocicletas. A comitiva atravessou a capital chinesa atraindo atenções.
Depois disso, a comitiva seguiu para o Grande Palácio do Povo, no coração da China, na Praça Tiananmen, onde o Marechal Kim Jong Un se encontrou pela primeira vez como Presidente chinês Xi Jinping, que o recebeu com um caloroso aperto de mãos. A primeira-dama da China, Peng Liyuan, também estava presente. Xi Jinping deu boas-vindas ao líder coreano em sua primeira viagem ao estrangeiro. Kim Jong Un agradeceu pela esmerada atenção e recepção. Depois de se fotografarem, os líderes da China e Coreia subiram numa tribuna e então foram executados os hinos nacionais das duas Repúblicas Populares. Depois, foi realizada uma solenidade militar e os líderes passaram em revista às tropas do Exército Popular de Libertação da China.
Em seguida, os líderes se dirigiram à sala de conferências onde tiveram início conversações bilaterais. Os comandantes dos dois partidos e países trocaram opiniões sobre importantes assuntos, incluindo as longas relações de amizade entre a China e RPDC e a situação da Península Coreana.
Kim Jong Un afirmou que o Partido do Trabalho da Coreia e o Governo da RPDC mantém a firme decisão de continuar a valorosa tradição de amizade entre ambos os países, preparada e fortalecida pelos líderes das gerações anteriores; ele também disse que é necessário levar essa amizade à novas etapas de nossa época. O Marechal disse que esse importante encontro deveria estreitar o intercâmbio de opiniões estratégicas e a cooperação tática para consolidar a ajuda bilateral. Ele também manifestou a esperança que o PCCh faça uma correta liderança do povo chinês e que alcance grandes êxitos no cumprimento da causa da construção de uma potência socialista moderna e que se realize o sonho do “grande renascimento da nação chinesa”.
Depois dele, o Presidente Xi Jinping discursou, dando boas vindas ao Máximo Dirigente pela sua visita. Ele enfatizou que apreciar, continuar e desenvolver incessantemente a amizade entre a China e a Coreia, estabelecida pelos antigos líderes no curso da contribuição mútua para o avanço vitorioso da causa socialista e da nobre amizade revolucionária, é a opção e vontade estratégica e firme do partido e do Governo da China. Ressaltou que as recentes mudanças positivas ocorridas na Península Coreana são os frutos das decisões táticas de Kim Jong Un e do Governo da Coreia.
Xi Jinping disse que sob o governo de Kim Jong Un, o PTC alcançará novos êxitos em continuar conduzindo o povo coreano ao desenvolvimento da economia e da melhora das condições de vida.
Kim Jong Un, ao final da conversa, convidou o Presidente Xi para uma visita à RPDC e o líder chinês aceitou com prazer a proposta.
Depois do diálogo, o Presidente Xi Jinping e sua senhora Peng Liyuan presenteram Kim Jong Un e sua esposa com lembranças especiais. Depois, os líderes se dirigiram para um dos salões do Grande Palácio do Povo, onde o Presidente Xi ofereceu um generoso banquete.
Antes da refeição, os participantes puderam ver uma apresentação em vídeo que mostrava imagens históricas das visitas anteriores dos líderes coreanos Kim Il Sung e Kim Jong Il, que foram recebidos pelas antigas lideranças chinesas Mao Zedong, Zhou Enlai, Deng Xiaoping, Jiang Zemin, Hu Jintao e outros veteranos. As imagens deixaram claro aos presentes que a China e a RPDC possuem uma longa trajetória de amizade e cooperação forjada em épocas difíceis de luta anti-imperialista e durante o auge da Revolução.
Depois, Kim Jong Un e Xi Jinping discursaram. O líder coreano mais uma vez agradeceu todo o cuidado, atenção e tratamento das autoridades chinesas e disse que era natural que sua primeira viagem fosse para a China. Ele também expressou seu desejo que as resoluções das recentes conferências do Partido Comunista da China sejam levadas adiante e congratulou Xi Jinping por sua reeleição.
“O povo coreano e chinês, que vêm se ajudando mutuamente e dedicando seu sangue e vida para a luta conjunta ao longo do tempo, experimentaram ao longo disso que os seus destinos são inseparáveis e que sabem muito bem que é valioso o ambiente de paz e estabilidade na região e que isso foi muito caro para ser conquistado e defendido”, disse Kim Jong Un em relação à luta de ambos os países na década de 1940 contra a invasão japonesa e depois da cooperação mútua na Guerra da Coreia de 1950-1953.
O Presidente chinês também discursou. Durante sua fala, lembrou que o Presidente Kim Il Sung, durante sua vida, visitou a China mais de 40 vezes e que tinha uma amizade muito especial com o Presidente Mao Zedong e o Primeiro-Ministro Zhou Enlai. Também recordou que o Dirigente Kim Jong Il visitou a China algumas vezes e disse que a atual visita do Marechal Kim Jong Un é uma demonstração da continuidade da amizade entre os dois países.
“Estou convencido de que, qualquer que seja a situação internacional e regional, ambas as partes procurarão a felicidade dos nossos países e de seus povos, tomando o controle da atual situação mundial e realizando visitas de alto nível, aprofundando a comunicação estratégica e o intercâmbio.”
Uma apresentação artística foi cuidadosamente preparada e executada pelos anfitriões chineses enquanto os participantes banqueteavam. Depois da apresentação, Kim Jong Un e sua esposa entregaram flores aos artistas em sinal de agradecimento. Toda a cerimônia ocorreu em clima de camaradagem, amizade e alegria.
No dia seguinte, dia 27 de março, Kim Jong Un se dirigiu à Academia Nacional da Ciências da China, onde foi conduzido por várias exposições sobre tecnologias industriais e de geração de energia. Acompanhado por guias que explicavam e apresentavam novas soluções tecnológicas, Kim Jong Un apreciou o avanço técnico dos chineses e até mesmo interagiu com um robô. Ao final da visita à Academia, o Marechal escreveu uma mensagem, que dizia: “Pude conhecer o grande poderio da China, grande país vizinho. Se alcançarão os melhores êxitos da ciência sob a sábia direção do Partido Comunista da China.”
Depois disso, o Marechal e sua esposa foram para o palácio de Yangyuanzhai, onde foram recebidos novamente pelo Presidente Xi Jinping e sua senhora. Os líderes passearam pelo belíssimo jardim do palácio, em estilo milenar chinês; o palácio foi construído em 1773 para ser a morada especial do Imperador Qianlong, da dinastia Tsing, e é um lugar significativo: foi nesse lugar que Kim Il Sung se encontrou com Mao Zedong pela primeira vez na década de 1950.
Kim Jong Un e Xi Jinping conversaram mais uma vez, se fotografaram e depois almoçaram. Após isso, o casal coreano entregou presentes aos anfitriões.
No fim, Xi Jinping e sua esposa, Peng Liyuan, se despediram de Kim Jong Un e Ri Sol Ju, que saíram de carro rumo à estação de trem. Na estação, autoridades chinesas se despediram dos coreanos, que pegaram um trem até Dandong, onde foi feita uma parada. Depois, Kim Jong Un e sua comitiva seguiram de volta para a Coreia.
Você pode ver um documentário produzido pela TV Central da Coreia que mostra todas as filmagens da visita de Kim Jong Un à China:
Essa visita relâmpago de Kim Jong Un à China, completamente inesperada, é parte de uma série de movimentações diplomáticas da Coreia do Norte. Essas ações diplomáticas são a sequência das movimentações militares muito intensas do ano passado, que prepararam o terreno e o psicológico dos líderes mundiais para a mensagem de que a Coreia do Norte não pode ser destruída e que resoluções hostis não dão certo nem surtem efeito.
Se em 2017 Kim Jong Un mostrou ao mundo um cardápio de armas poderosas, muitas delas capazes de atingirem os Estados Unidos, esse ano o líder coreano quer dar uma aula de diplomacia, começando com a interação com a Coreia do Sul, seguindo para a China e, muito em breve, com os próprios Estados Unidos.
A ida da RPDC à Coreia do Sul para os Jogos Olímpicos de Pyeongchang e a retomada do diálogo entre as partes mostra que, à nível regional, a Coreia do Norte consolidou sua posição, uma vez que a própria Coreia do Sul notou que não há outro caminho para a resolução da situação que não meios pacíficos. Depois, o Norte partiu para resolver os assuntos com seu maior parceiro comercial e grande potência global, a China. Assim, Kim Jong Un mostra que a RPDC está disposta a continuar a amizade de décadas de décadas dentre os dois governos, ressaltando, principalmente para os EUA, que a China não saiu da jogada. Vale lembrar que recentemente a China aderiu às sanções econômicas contra a Coreia. Mas a China tem um discurso muito dual. Então, pelo que parece, Kim Jong Un pretende mostrar aos próprios chineses que sufocar a RPDC não vai dar certo. O discurso dos mandatários de ambas as partes, durante a visita, foi sempre centrado em amizade, cooperação, intercâmbio. Isso nos dá uma pista sobre o que pode acontecer com a relação entre China e Coreia: reaproximação e, quem sabe, o levantamento de algumas sanções.
Nos EUA, a visita de Kim Jong Un soou muito bem para Trump, que correu para o Twitter, no qual passa mais tempo do que em seu próprio escritório presidencial, para dizer que está “muito ansioso” para o encontro dele com Kim Jong Un, encontro esse que provavelmente ocorrerá em maio desse ano e que é resultado das conversações, em Pyongyang, entre Kim Jong Un e uma delegação sul-coreana enviada em caráter especial.
Ao se aproximar da China, a Coreia ‘cola’ num amigo poderoso: a China corresponde à grande parcela do comércio mundial, principalmente dos EUA. Sendo assim, os EUA escutam a China com atenção, afinal, ninguém quer se indispôr com o gigante asiático, muito embora ambos os países possuam suas divergências e concorrências irreconciliáveis.
_______________ Lucas Rubio Presidente do Centro de Estudos da Política Songun – Brasil (Com informações de KCNA)