O líder da Coreia Socialista se dirigiu ao mundo no 1º de janeiro de 2019 e o que ele disse chama a atenção.
Kim Jong Un, o Máximo Dirigente da República Popular Democrática da Coreia, a Coreia do Norte, pronunciou nas primeiras horas de 2019 uma mensagem de ano novo que foi transmitida em toda a cadeia nacional de rádio e TV da Coreia.
Kim Jong Un faz, todos os anos, esse tradicional pronunciamento. As palavras e direções dadas nesse discurso geralmente norteiam toda a vida e atividade política, econômica, social e militar da Coreia do Norte durante o ano. Por isso, saber o que ele disse e analisar suas palavras é muito importante, o que faz com que o discurso seja sempre muito esperado pelos analistas internacionais.
Esse ano Kim Jong Un inovou muito na maneira com a qual se dirigiu aos coreanos e ao mundo. Geralmente, a mensagem de ano novo na TV começa a ser transmitida com o líder posicionado em um púlpito, onde realiza seu discurso. Esse ano, porém, o vídeo da mensagem de ano novo começa com Kim Jong Un caminhando ao lado de sua irmã, Kim Yo Jong, membro do alto escaldão do Partido do Trabalho da Coreia, ao longo de espaços do prédio sede do Partido, acompanhado também de duas outras autoridades nacionais. Em seguida, Kim Jong Un chega a uma sala e senta-se em uma poltrona posicionada na frente de dois grandes retratos dos antigos líderes da Coreia – Kim Il Sung e Kim Jong Il. Atrás de si também há uma bandeira da RPD da Coreia e do Partido do Trabalho da Coreia.
Mas, o que Kim Jong Un disse?
No começo da mensagem, ele estendeu saudações cordiais aos habitantes de todo o país, aos oficiais e soldados do Exército Popular da Coreia, aos compatriotas sul-coreanos e em ultramar e expressou seus desejos de que os chefes-de-Estado e amigos de todos os países do mundo tenham êxitos em seus trabalhos.
Mencionou que 2018 foi um ano histórico em que, graças à linha independente e à decisão estratégica do Partido do Trabalho da Coreia, se registraram grandes mudanças na situação interna e externa e a Coreia entrou em uma nova etapa da construção socialista.
Continuou dizendo que nesse novo ano, se apresentam as tarefas de luta para expandir as perspectivas de situar o país na nova etapa da construção socialista ao ampliar e consolidar a capacidade de desenvolvimento independente do país.
Kim Jong Un definiu «Abramos um novo caminho de avanço na construção socialista, erguendo a bandeira do apoio em nossas próprias forças!» como a nova consígnia revolucionária sob a qual deve marcar adiante o povo coreano.
“Temos que proporcionar um auge revolucionário em todos os setores da construção socialista tomando a autoconfiança como fórmula de prosperidade”, disse Kim Jong Un, dizendo também que “É necessário alcançar com êxito as metas estratégicas para o desenvolvimento da economia nacional e avançar rumo à nova etapa de crescimento da base da capacidade técnica e de recursos próprios e de elevada capacidade e disposição revolucionária de todo o povo”.
Ele também ressaltou a importância de multiplicar, por todos os meios, as forças ideo-políticas do Estado Socialista da Coreia. Instruiu a dar um bom impulso na construção da cultura socialista e consolidar o poder da defesa nacional.
Recordou que o ano passado foi um momento comovente onde se produziram mudanças dramáticas nunca antes vistas antes na história da divisão nacional de mais de 70 anos. Kim Jong Un advogou pelo maior avanço na luta para desenvolver as relações intercoreanas e alcançar a paz, prosperidade e a reunificação da pátria no novo ano de 2019, com base nos valiosos sucessos do ano passado, que foi coroado com acontecimentos sem precedentes.
Indicou que toda a nação deve levantar em alto espírito o slogan revolucionário «Abramos uma nova era dourada para a paz, prosperidade e reunificação da Península Coreana, implementando cabalmente as históricas Declarações Norte-Sul!».
Ratificou a firme vontade da Coreia do Norte de eliminar pela raiz as hostis relações militares entre ambas as partes coreanas e converter a Península Coreana em uma zona de paz duradoura e sólida. “É preciso ampliar e desenvolver completamente a cooperação e o intercâmbio entre o Norte e o Sul para consolidar a reconciliação e a unidade da nação e fazê-la se beneficiar realmente desse melhoramento de relações”, destacou o líder coreano.
Advertiu que não se deve perdoar nunca a intervenção e o intrometimento das forças exteriores que impedem o avanço rumo à reconciliação, a unidade e a reunificação da nação coreana, uma vez que essas interferências buscam sujeitar as relações Norte-Sul aos seus gostos e interesses.
Kim Jong Un relembrou que no ano passado de 2018, o Partido do Trabalho da Coreia e o Governo da RPDC realizaram esforços responsáveis por defender a paz e a segurança do mundo e por ampliar e fortalecer a amizade com vários países.
O Máximo Dirigente também sublinhou que o histórico primeiro encontro e as conversações na cúpula Estados Unidos e Coreia do Norte, realizadas em Singapura, mudaram dramaticamente as relações bilaterais mais hostis de nosso planeta e fizeram um grande aporte para a preservação da paz e segurança na Coreia e na região.
“Como foi declarado na Declaração Conjunta RPDC-EUA, em 12 de junho, nosso Partido e o Governo da RPDC têm a invariável posição de estabelecer novos vínculos entre os dois países conforme a demanda do novo século, implantar na Península Coreana um sistema de paz permanente e duradoura e avançar na desnuclearização completa, a qual também é minha firme vontade”, disse Kim Jong Un.
Prosseguiu dizendo que a RPDC não tem intenções de ater-se ao passado hostil das relações com os Estados Unidos e está disposta a marchar para o fortalecimento de novos vínculos conforme a aspiração dos povos de ambos os países e aos requisitos da época em desenvolvimento que busca pôr o quanto antes um ponto final nos antecedentes desagradáveis.
“Como mostra a situação atual de vínculos entre o Norte e o Sul da Coreia, que alcançaram um rápido avanço no ano passado, não há nada impossível se se toma a decisão de fazer”, afirmou.
Continuou seu discurso, enquanto a TV mostrava imagens e fotografias dos encontros dele com Donald Trump e Moon Jae In (presidente da Coreia do Sul). Disse ainda que ambas as partes coreanas alcançarão, sem falta, o resultado de benefício mútuo se apresentarem propostas imparciais e se assumirem a correta posição sobre as negociações e se possuírem a vontade de resolver o problema tendo o princípio de reconhecer e respeitar a outra parte, deixando com magnanimidade suas insistências inveteradas.
“Estou pronto para voltar a conversar com o presidente dos EUA a qualquer momento e procurarei obter sem falta o resultado que será aplaudido pela sociedade internacional”, declarou Kim Jong Un.
“Se os EUA não cumprem o compromisso assumido diante dos olhos do mundo e tratam de obrigar alguma coisa de modo unilateral, interpretando mal a paciência do nosso povo, se obstinando com suas sanções e pressões contra a RPD da Coreia, nos veremos obrigados a buscar uma nova via para defender a soberania nacional e os máximos interesses do nosso Estado, que é alcançar a paz e estabilidade na Península”, disse decisivamente o líder coreano.
Kim Jong Un, já no fim de sua declaração, assinalou que os países vizinhos e a comunidade internacional deverão apoiar os esforços sinceros da Coreia do Norte em impulsionar o desenvolvimento positivo da situação na Península Coreana e em lutar contra todos os atos que desafiam e destroem a paz, contrariando a justiça.
Por fim, o Máximo Dirigente do país reafirmou que, segundo o ideal da independência, paz e amizade, o Partido do Trabalho da Coreia e o Governo norte-coreano seguirão consolidando a unidade e a cooperação com os países socialistas e também desenvolverão relações com todos os outros países que tratam a Coreia de maneira amistosa.
Em sua revolucionária declaração de ano novo, que durou cerca de meia hora, Kim Jong Un reafirmou o caminho do desenvolvimento socialista na Coreia do Norte e também reafirmou mais um ano de esforços em busca da paz na Coreia.
Situação diferente da de 2017, ano em que Trump assumiu a presidência dos EUA com promessas de cercar a Coreia e “resolver o problema” com todas as forças, Kim Jong Un fez um discurso que conclamava o povo coreano a se levantar para defender a todo custo a integridade da Coreia. O resultado foi um conturbado ano de testes de mísseis balísticos, inclusive o primeiro intercontinental da Coreia, exercícios militares e detonações atômicas. Já no seu discurso de 2018, Kim Jong Un redesenhou as atividades da Coreia do Norte, uma vez que, segundo ele, o país já havia conseguido alcançar a plenitude de seu programa balístico e nuclear. O resultado de suas declarações mais brandas foi um ano de extrema mudança das relações com a Coreia do Sul e com os EUA: a Coreia do Norte participou de maneira incrível dos Jogos Olímpicos de Inverno, realizados no Sul da Coreia e Kim Jong Un em pessoa foi à Coreia do Sul e se encontrou com o líder sul-coreano, Moon Jae In, em uma histórica visita. Kim Jong Un também visitou a China, em sua primeira visita internacional, e em junho encontrou-se com Donald Trump, na histórica e memorável cúpula entre os dois países.
Parece que nesse ano a Coreia quer acelerar ainda mais um programa que ela defende desde sua fundação, em 1948: paz, independência, desenvolvimento econômico socialista e diplomacia!
(Com informações de KCNA – tradução e comentários críticos do autor)
Veja a declaração completa do Máximo Dirigente Kim Jong Un em coreano: