Há algumas horas, foram divulgadas informações sobre os primeiros casos confirmados de Covid-19 na República Popular Democrática da Coreia. Vale lembrar que, desde 2020, logo nas primeiras semanas da pandemia, o país tem adotado uma política de isolamento internacional total que, inclusive, gerou vários comentários externos. Por conta dessas medidas de tolerância zero e falta de contato com qualquer pessoa de fora, além de medidas internas de isolamento e distanciamento social, a Coreia Popular tinha passado por mais de dois anos sem registrar qualquer caso de Covid até agora.
A situação global de emergência acabou gerando uma corrida científica e industrial pela criação de vacinas capazes de barrarem os efeitos máximos da Covid, que incluem a morte em vários casos, especialmente para grupos humanos de risco. Nesse contexto, a maior parte do mundo entrou em campanhas (que duram até agora) de vacinação em massa de suas populações na busca pela volta à normalidade. A Coreia Popular, entretanto, não vivenciou o mesmo.
Hoje, muitas pessoas estão se fazendo perguntas sobre isso ou tecendo comentários desproporcionais sobre o tema. O CEPS-BR então resolveu responder alguns questionamentos.
1. Por que a RPDC não começou a vacinar sua população?
A RPDC não vacinou sua população por não possuir vacinas disponíveis dentro do país. A RPDC é um dos países mais bloqueados economicamente do mundo e a restrição a medicamentos faz parte das sanções aprovadas pela ONU contra o povo coreano, de modo que o governo não conseguiu comprar vacinas.
2. A RPDC não criou sua própria vacina?
Ainda em 2020, a comunidade científica da RPDC anunciou o início de estudos para desenvolver uma vacina contra a Covid, mas o projeto aparentemente não alcançou sucesso. Dessa forma, a RPDC ainda não possui uma vacina nacional contra a doença.
3. A RPDC negou vacinas doadas? É um país anti-vacina?
A RPDC recebeu propostas de doação de vacinas do Consórcio Internacional Covax Facility, mas negou-se a receber por duas razões: 1 – estar isolada e sem casos, não necessitando urgentemente como outros países (então abriu mão das doações em benefício de países infectados em emergência) e 2 – o número proposto da doação seria insuficiente para um esquema completo de vacinação, o que tornaria o ato ineficaz. Isso não faz da RPDC um país anti-vacina; a RPDC é um país que abraça a Ciência.
4. China ou Cuba não podem ajudar?
Podem ajudar, mas, por várias razões internas e externas, tal ato ainda não aconteceu. No caso chinês, há algumas horas, Liu Xiaoming, alto representante do governo chinês para a Península da Coreia, escreveu em seu Twitter: “Simpatizamos com a situação de prevenção da epidemia que a RPDC está enfrentando atualmente. Como camarada, vizinha e amiga, a China está pronta para fornecer total apoio e assistência à RPDC em sua luta contra a epidemia.”
5. O que esperar para o futuro?
Medidas emergenciais foram tomadas rapidamente pelo governo da RPDC. Kim Jong Un tem estado presente em várias reuniões e acompanhado de perto as ações do governo para impedir que mais pessoas sejam contagiadas. A RPDC possui um dos melhores índices globais de leito por habitante em hospital, além de um sistema público gratuito de saúde e um histórico de disciplina e coletividade, o que leva a crer que o problema pode ser mitigado rapidamente.
CEPS-BR
“A RPDC possui um dos melhores índices globais de leito por habitante em hospital…” Qual é esse índice e como comprová-lo, uma vez que refugiados da Coréia do Norte em outros países falam coisa diferente a respeito disso?
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O texto realmente está errado quando fala que a RPDC tem “UM dos melhores índices de leito por habitante em hospital”, na verdade ele tem O MELHOR; enquanto, por exemplo, o Brasil tem pouco mais de 20 leitos por 100 mil habitantes, eles têm 143. Você pode conferir no próprio site da Organização Mundial da Saúde: https://www.who.int/data/gho/data/indicators/indicator-details/GHO/hospital-beds-(per-10-000-population)
Embora a RPDC não tenha acesso a alguns equipamentos hospitalares em razão do embargo, o governo tenta compensar isso em cobertura e prevenção. Apesar de não se ter tantos dados da RDPC quanto se tem do Brasil no site da OMS, uma coisa que chamou muito a minha atenção, além da quantidade de leitos, foi o saneamento básico, enquanto o brasil não tem nem 50% da população com saneamento básico, eles possuem cerca de 85% da população com saneamento básico. Imagina o que poderia ser feito se não estivessem sofrendo esse embargo criminoso!
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Interessantes, inclusive, as melhorias obtidas desde a década de 1990, segundo a OMS.
https://www.who.int/dprkorea/our-work
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Interessante também ver que a Coréia do Norte é seguida em segundo e terceiro lugar pelo Japão com 129,8 e Coréia do Sul com 124,3 leitos por 10.000 habitantes.
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