O novo “Main Battle Tank” (MBT) da República Popular Democrática da Coreia, apresentado pela segunda vez na recente parada militar em Pyongyang por comemoração dos 90 anos de fundação do Exército Revolucionário, chamou a atenção do mundo.
Como é de se esperar, não existe informações sobre o armamento e esse artigo é baseado exclusivamente na análise das fotos divulgadas desse blindado.
De princípio, podemos ver que seu design e construção é diferente de qualquer outro blindado apresentado pelo país nas últimas décadas. Seu chassi é semelhante ao T-14 Armata de fabricação russa, enquanto sua torre é parecida com a torre do M1 Abrams dos Estados Unidos. Por esse motivo, vou apelidar o blindado de “Abrata”, já que seu nome não foi divulgado.
Esse MBT é menor do que os desenvolvidos por potências ocidentais, provavelmente devido a geografia montanhosa do Norte da Coreia, que, nesse caso, torna ideal um tanque menor, compacto e mais leve, porém com uma blindagem do mesmo nível dos blindados ocidentais.
O veículo possui suspensão por barra de torção e também é possível ver uma placa que proteger as lagartas do tanque.

A traseira do blindado é protegida por uma grade, similar ao T-14 russo, que nada mais é do que uma proteção eficiente usada desde a Segunda Guerra Mundial com grande utilidade no combate moderno contra armas antitanque com ogivas detonadas por impacto. Essa grade é uma proteção extra para o motor e outros componentes importantes do blindado.
Apesar da sua torre ser parecida com do M1 Abrams, sua estrutura é diferente: na parte inferior da torre, é possível ver uma abertura que comporta alguns tubos lançadores de granadas. Podemos supor também que a torre é feita por ferro soldado e equipada com placas de blindagem feitas com materiais compostos, como se fosse uma espécie de armadura da blindagem do veículo (similar ao Leopard 2 alemão). O detalhe que indica isso é um evidente degrau entre a blindagem inclinada na frente e o teto, onde estão as duas cúpulas para o comandante e o carregador do veículo.

No lado direito, é visível uma torre que suporta dois lançadores de mísseis, podendo ser mísseis antitanque ou de defesa antiaérea de ponto. No telhado da torre, há o que parece ser um visualizador térmico independente para o comandante (CITV, sigla em inglês); à direita, na frente a cúpula do comandante, uma mira para o artilheiro logo abaixo, um Sistema Remoto de Arma (RWS, em inglês) armado com um lançador automático de granadas ao centro e, à esquerda, outra cúpula com episcópio frontal fixo.
Acima do canhão tem um telêmetro a laser e a sua esquerda uma câmera de visão noturna. Há também outro episcópio fixo na direita da cúpula do comandante, um anemômetro, uma antena de rádio à direita e na esquerda o que parece ser um sensor de vento cruzado.
Atrás, ainda tem um espaço para o equipamento da tripulação ou qualquer outra coisa. Nas laterais e traseira da torre, quatro lançadores de fumaça.
No cano da arma, além do extrator de fumaça, como C1 Ariete ou no M1 Abrams, tem um MRS (Muzzle Reference System) que verifica constantemente a linearidade do canhão com a mira do artilheiro e se o barril tem alguma distorção.

Provavelmente o canhão não tem um sistema de carregamento automático, já que tem três tripulantes dentro da torre, mas não é possível estipular o calibre do canhão principal apenas com as imagens.
O armamento secundário é composto de uma metralhadora (provavelmente de 7,62 mm) e lançador de granadas automáticos (provavelmente de 40 mm), ambos controlados de dentro do veículo, o que faz com que não se precise expor um dos tripulantes para utilização dessas armas.
O “Abrata”, além do seu poder de fogo inegável, é também um excelente blindado com uma proteção incrível.
O veículo parece ter ERA (Explosive Reactive Armor) nas saias laterais, como no T-14 Armata russo e também uma blindagem espaçada composta cobrindo a frente e a lateral da torre.
Também tem um total de 12 tubos lançadores de projéteis nas laterais inferiores da torre, em grupos de três, seis frontais e seis laterais. Esse sistema parece com o APS (Active Protection System) Afganit russo que é usado no T-14 Armata.

O Afganit russo é composto por dois subsistemas, um genérico que consiste em pequenas cargas montadas no teto da torre, cobrindo um arco de 360°, que disparam projéteis contra mísseis e outros projéteis para defender o blindado de ataques inimigos.
Conectado aos lançadores, existe pelo menos quatro radares, provavelmente do tipo AESA (Active Electronically Scanned Array). Dois são montados na parte da frente do blindado e dois nas laterais. São responsáveis por detectar mísseis antitanque direcionados ao veículo. Se um míssil é detectado pelos radares, o sistema ativa automaticamente o APS que dispara um ou mais projéteis na direção do míssil inimigo.

Parece que o “Abrata” tem mais dois dispositivos, que estão montados nas laterais da torre e que parecem ser receptores de alarme e laser usado nos AFV modernos. O seu objetivo é detectar feixes de laser de telêmetros inimigos montados em tanques ou armas antitanque que estão mirando no veículo; ao detectar, o sistema ativa automaticamente as granadas de fumaça para esconder o veículo dos sistema ópticos do oponente.
Através dos fatores apresentados nesse artigo é possível concluir que o novo blindado da RPD da Coreia está entre os mais modernos e poderosos do mundo, não ficando para trás em nenhum quesito se comparado com os tanques russos e estadunidenses.
Gabriel T.