Em reunião extraordinária, Politburo do partido identifica abuso de autoridade, prevaricação, dentre outros comportamentos graves e resolve afastar importantes lideranças e funcionários
Por Adriano Lima e Gabriel T. — Centro de Estudos da Política Songun Brasil
FONTE: KCNA

Seis meses após o VIII Congresso do Partido do Trabalho da Coreia (PTC), o Politburo, um dos mais importantes órgãos do partido, convocou uma reunião extraordinária para definir resoluções aos problemas levantados no congresso em janeiro. Realizado no dia 29 de junho de 2021 (110 Juche), o encontro foi decisivo na tomada de medidas em relação às críticas feitas anteriormente pelo Comitê Central do PTC, as quais alertavam para as más práticas envolvendo figuras importantes do seio do partido.
O Politburo aprovou por unanimidade as pautas que denunciavam práticas consideradas de extrema gravidade, como prevaricação, abuso de autoridade/poder de servidores públicos, negligência, irresponsabilidade, passividade e pancismo (tomada de decisões individuais e/ou visando apenas resultados imediatos). O Secretário Geral do PTC, Kim Jong Un, abriu o evento sinalizando que o objetivo da reunião era tomar providências urgentes em relação a essas condutas, que abrangeram também a negligência de importantes figuras do partido responsáveis pela organização estrutural, material, técnica e científica da campanha de prevenção sanitária justamente quando o mundo enfrenta delicada situação no setor.

O relatório criticou severamente as falhas e apontou que tais condutas estão totalmente em contradição às decisões tomadas em conjunto no VIII Congresso, apontando a prevaricação e o individualismo nas tomadas de pontuais decisões como principais elementos nocivos à estabilidade econômica do país e, por sua vez, à segurança e à qualidade de vida das massas populares. Alertou também que toda decisão deveria ser tomada em benefício exclusivamente do povo e que qualquer liderança do partido responsável por colocar em perigo o bem-estar popular seria punida, independentemente da importância do cargo que ocupasse.
Rechaçou fortemente a incompetência desses membros que teriam realizado tarefas na contramão das decisões revolucionárias tomadas conjuntamente no VIII Congresso, alegando possíveis desalinhos dessas figuras com a filosofia histórica de coletividade da nação coreana. Com isso, o Partido do Trabalho da Coreia ressaltou novamente a importância do trabalho ideológico de base para combater qualquer ação de caráter egoísta e individualista por parte dos quadros (membros).
No discurso de encerramento da reunião, o Secretário Geral Kim Jong Un mencionou que o papel dos membros da base do partido ganhou muito mais responsabilidade após o VIII Congresso do PTC, ressaltando novamente que todos os quadros, desde dirigentes de órgãos centrais até membros da base, devem seguir a tradição partidária e trabalhar exclusivamente em prol dos interesses do povo e jamais por interesses próprios. Acrescentou que o partido não tem o direito de proteger membros que “fingem trabalhar” ou que não se preocupam com o bem-estar das massas populares. Segundo suas palavras, o enfraquecimento da base e da união é diretamente proporcional ao enfraquecimento da economia e, consequentemente, da qualidade de vida do povo. Alertou, portanto, sobre a necessidade de retomar o trabalho árduo da ideologia socialista com os quadros de base, ou seja, a filosofia da sociedade sob uma ótica coletiva e não individualista.
Como desfecho, o Politburo do Partido do Trabalho da Coreia reformulou lideranças de alto escalão, exonerando membros de órgãos importantes como o Presidium do Politburo do Comitê Central, do próprio Politburo do Comitê Central (incluindo suplentes), o secretário do Comitê Central além de membros do partido que atuavam como funcionários do Estado. Foram eleitos em conjunto e admitidos, em seguida, novos integrantes para as funções.


